A inflamação é uma reação natural do corpo diante de lesões ou agressões externas, funcionando como um escudo de proteção.
Porém, quando esse processo se torna crônico, ele deixa de ser benéfico e passa a favorecer o surgimento de doenças graves.
Assim, vale compreender o poder anti-inflamatório do ômega 3 e como ele combate a inflamação crônica, a fim de utilizá-lo como medida complementar de prevenção ou tratamento!
O que é inflamação crônica?
Enquanto a inflamação aguda é temporária e essencial para a cicatrização de lesões, a inflamação crônica é persistente e silenciosa.
Com isso, ela pode durar meses ou até anos, desgastando células e tecidos de forma progressiva.
Além disso, a inflamação crônica nem sempre apresenta sintomas claros. O que a torna ainda mais perigosa e proveniente de desencadear diversas doenças crônicas e suas complicações.
Neste contexto, doenças como artrite reumatoide, diabetes tipo 2, obesidade, doenças cardiovasculares e alguns tipos de câncer estão associadas a esse estado inflamatório contínuo.
Como o ômega 3 atua no combate à inflamação crônica?
O ômega 3 é um conjunto de ácidos graxos essenciais, sendo os principais o EPA (ácido eicosapentaenoico) e o DHA (ácido docosahexaenoico). Esses compostos atuam de diferentes formas no combate à inflamação.
Primeiro, eles reduzem a produção de citocinas inflamatórias, que são moléculas que intensificam a resposta do sistema imunológico.
Além disso, eles regulam a produção de eicosanoides e prostaglandinas, que são substâncias envolvidas nos processos inflamatórios.
Como resultado, o ômega 3 pode melhorar os marcadores inflamatórios do organismo, prevenindo os danos que eles podem gerar.
Benefícios comprovados do ômega 3 para inflamação crônica
Conheça abaixo os principais benefícios do ômega 3 demonstrados nas evidências científicas:
Saúde cardiovascular
Um dos maiores benefícios do ômega 3 está em sua ação sobre o coração e os vasos sanguíneos.
Isso porque ele ajuda a controlar fatores de risco para infarto, AVC e trombose, como pressão alta e colesterol e triglicerídeos elevados.
Ainda, o ômega 3 contribui para a saúde do endotélio, a camada interna dos vasos sanguíneos. Com isso, ele melhora o fluxo sanguíneo e reduz o risco de formação de placas de gordura nas artérias.
Saúde articular
A inflamação crônica está relacionada às dores articulares, especialmente em casos de artrite reumatoide.
Nesta situação, o consumo de ômega 3 pode diminuir a rigidez matinal e melhorar a mobilidade, sendo um bom coadjuvante para o tratamento medicamentoso.
Esses efeitos acontecem porque o ômega 3 age na regulação de processos inflamatórios que afetam as articulações.
Função cerebral
O DHA é fundamental para a integridade da bainha de mielina, que é a estrutura que reveste os neurônios e garante a transmissão adequada dos impulsos nervosos.
Diante disso, o nível adequado de ômega 3 no corpo é importante para os processos cognitivos como memória, aprendizado e raciocínio.
Além disso, alguns estudos sugerem que o ômega 3 pode auxiliar no tratamento da depressão e reduzir os efeitos da inflamação associada ao declínio cognitivo.
Doenças autoimunes e síndrome metabólica
Algumas evidências apontam que o ômega 3 pode modular a resposta do sistema imunológico, reduzindo a hiperatividade que leva ao surgimento de doenças autoimunes, como lúpus e esclerose múltipla.
Do mesmo modo, ele atua na síndrome metabólica, a qual é uma condição que combina pressão alta, excesso de gordura abdominal, colesterol e/ou triglicerídeos elevado e resistência à insulina.
Todos esses fatores são influenciados pela inflamação. O que reforça a importância do ômega 3 como nutriente protetor.
Fontes de ômega 3
Os alimentos ricos em ômega 3 são os peixes de águas frias, como salmão, sardinha, cavala, atum e anchova.
Além deles, as sementes de chia e linhaça também fornecem ômega 3, embora em quantidade e biodisponibilidade inferiores em comparação com as fontes alimentares de origem animal.
Isso porque, enquanto os peixes oferecem ômega 3 já em forma ativa para ser utilizado pelo corpo (EPA ou DHA), as fontes vegetais oferecem o nutriente em sua forma inativa (ALA).
Isso exige que o corpo transforme o ALA em EPA ou DHA para ser de fato utilizado. No entanto, nem sempre essa conversão é adequada para suprir as necessidades do organismo.
Por essa razão, em muitos casos, é preciso optar pela suplementação de ômega 3, especialmente em indivíduos com baixo consumo de peixes ou adeptos à dieta vegana ou vegetariana.
Quanto consumir para obter o efeito anti-inflamatório?
A recomendação geral de ômega 3 varia de 1 a 3 gramas por dia de EPA + DHA, dependendo das necessidades individuais e sempre com orientação profissional.
Para quem não consome peixe com frequência, o suplemento de ômega 3 pode ser necessário, por meio de óleo de peixe, óleo de krill e óleo de algas (versão vegana).
Na hora de comprar o produto, é essencial observar a concentração de EPA e DHA nos rótulos, pois a eficácia depende da quantidade ingerida.
Em geral, recomenda-se o consumo mínimo diário de 250 mg de EPA e DHA, em uma proporção 3:2. Ou seja, a cada 300 mg de EPA, deve-se consumir 200 mg de DHA para obter o benefício anti-inflamatório.
Limitações e cuidados
Ainda que seja um nutriente muito benéfico para a saúde em geral, o uso prolongado de ômega 3 em doses elevadas pode aumentar o risco de sangramentos, sobretudo em pessoas que já utilizam anticoagulantes.
Além disso, é fundamental escolher suplementos certificados e livres de metais pesados, para garantir a segurança e eficácia do consumo.
Sendo assim, a suplementação deve ser feita de maneira responsável, com acompanhamento médico ou nutricional.
Afinal, vale lembrar que o ômega 3 não substitui tratamentos médicos, mas atua como um aliado no controle da inflamação crônica.
Referências
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